"Alea jacta est.", isto é, "a sorte está lançada", disse Júlio César ao atravessar o rio Rubicão, voltando da Gália para Roma. Sabia que, a partir dali, não havia caminho de volta, ou tomava poder ou sua carreira política estaria encerrada.
Caio Júlio César nasceu em Roma, de uma família de patrícios, a elite romana. Segundo a lenda, sua antepassada mais remota era a própria deusa Vênus, mãe de Enéas, o primeiro povoador da península Itálica.
César viveu seus primeiros anos no bairro popular de Suburra, onde aprendeu, entre outras línguas, o hebraico e dialetos gálicos. Em 82 a.C. escapou às perseguições do ditador Lúcio Cornélio Sila, inimigo de sua família. Entre 81 a.C. e 79 a.C. Julio César prestou serviço militar na Ásia e na Cilícia (na atual Turquia).
Em 78 a.C., com a morte de Sila, regressou a Roma, iniciando carreira de advogado no fórum romano. Era o início de sua carreira política. Em 69 a.C., César foi eleito questor (magistrado encarregado de questões financeiras) pela Assembléia do povo. Foi-lhe designada a província romana da Hispania Ulterior.
Quatro anos mais tarde, foi eleito edil (encarregado dos serviços e obras públicas), e em 63 a.C. , "pontifex maximus" (sumo sacerdote - a religião romana estava ligada ao Estado). Neste mesmo ano, tornou-se pretor (juiz). Depois de um ano no cargo, assumiu o posto de governador da Hispania Ulterior.
Em 59 a.C. Júlio César tornou-se cônsul (chefe de governo) pela primeira vez. Em 58 a.C. iniciou a campanha militar pela conquista da Gália, que duraria até 52 a.C. O historiador Plutarco apontou como saldo dessas guerras 800 cidades capituladas, 300 tribos submetidas, um milhão de gauleses escravizados e outros três milhões mortos nos campos de batalha.
Em 50 a.C., o senado liderado por Pompeu ordenou o regresso de César e a desmobilização das suas legiões na Gália. Júlio César não cumpriu a ordem e, atravessando o Rubicão, no norte da Itália, deu início a uma guerra civil que duraria dois anos. Em 48 a.C. derrotou definitivamente Pompeu, em Farsala. Regressou a Roma, tornando-se ditador (na Roma antiga, o governante com plenos poderes, embora nomeado pelo Senado e por um período previamente estabelecido).
César consolidou seu domínio do mundo conhecido na época, através de uma série de campanhas complementares: no Egito, na África , na Espanha (48-45 a.C.). Em Roma sua posição tornou-se cada vez mais monárquica, à medida que assumia sucessivamente o consulado e estendia a duração de seus poderes ditatoriais. Por fim, assumiu não somente a realeza (convertendo a República romana em Império), mas também a condição de deus vivo.
Entre o povo e as legiões romanas, sua popularidade era imensa, devido aos triunfos militares que enriqueciam a cidade e eram generosamente distribuídos, embora de forma desigual, aos cidadãos romanos. Durante o período em que esteve à frente do Estado romano, introduziu importantes reformas administrativas e estendeu a cidadania romana a outras regiões do império. Também reformou o calendário, introduzindo um que encerrava os séculos de confusão causados pela defasagem entre o ano lunar e o solar.
Nesse meio tempo, teve a célebre relação amorosa com Cleópatra, a quem fez rainha do Egito - então uma das mais ricas províncias romanas. Mas em Roma os senadores não só desaprovavam essa união como usavam-na como pretexto para difamá-lo. Percebendo sua intenção de acabar definitivamente com a República e centralizar em suas mãos o poder, bem como transmiti-lo a um descendente, os senadores conspiraram para matar César, o que aconteceu em 44 a.C.
Em seu testamento, porém, ele deixou todos os seus bens para a população de Roma. Esta, também incitada por Marco Antônio, reagiu contra os conspiradores, forçando-os a fugir da cidade. Alguns historiadores contemporâneos levantam a tese de que Júlio César, sentindo-se velho e sofrendo de epilepsia, deixou-se matar, acreditando que com isso, seu sucessor no governo romano seria seu herdeiro legal, Otaviano Augusto, como aconteceu de fato.
Destaque-se que, além do talento militar, César teve também uma grande atuação intelectual em Roma. Foi um orador elogiado por Cícero - o maior dos oradores romanos. Escreveu poesia e dois livros sobre gramática latina. Sua obra principal chama-se "Comentários" que abrange sete livros sobre a guerra da Gália e sobre a guerra civil, em que, com um estilo supostamente objetivo e imparcial, defende-se das muitas acusações que lhe foram feitas por seus críticos.
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